ESPORTE E CIDADANIA

Atletas dos Centros Olímpicos são promessas nos Jogos Parapan-americanos

Dois alunos dos COPs de Ceilândia e São Sebastião integram a delegação brasileira de atletismo em cadeira de rodas e goalball nos jogos de Toronto, no Canadá


Mara Karina Silva - FAC

Camila de Magalhães -

Publicação: 06/08/2015 16:27 | Atualização: 06/08/2015 17:24

Parré e Jéssica Vitorino: promessas de medalha nos Jogos Parapan-americanos, Toronto 2015 (Camila de Magalhães/FAC/D.A. Press)
Parré e Jéssica Vitorino: promessas de medalha nos Jogos Parapan-americanos, Toronto 2015

 

Os Jogos Parapan-americanos de Toronto (Canadá) começam amanhã (7/8) e, entre os 272 atletas que vão representar o Brasil, dois treinam em Centros Olímpicos e Paralímpicos do Distrito Federal (COPs). Ariosvaldo Fernandes, do atletismo em cadeira de rodas, e Jéssica Vitorino, atleta de goalball, são alunos das unidades de Ceilândia (Parque da Vaquejada) e São Sebastião, ligados ao projeto Esporte e Cidadania, desenvolvido pela Fundação Assis Chateaubriand, em conjunto com a Secretaria do Esporte e Lazer do DF.
 
Conhecido como Parré, Ariosvaldo, 38 anos, coleciona conquistas. Além dos oito títulos brasileiros, é recordista nas provas de 100m, 200m, 400m e 800m; bicampeão pan-americano, com recordes nos 100m e 200m. Nas Paralimpíadas de Londres (2007), o atleta alcançou o quarto lugar nos 100m e, no Mundial da França (2011), trouxe a medalha de bronze.  No Parapan, vai competir nos 100m, 400m e 800m. “Meu foco são os 100m. Vou competir com os atuais recordistas mundiais, do Canadá e Estados Unidos. Mas não tem favoritismo, são os detalhes que vão dar a medalha”, observou Parré.
 
Preparação
O paratleta realiza a maior parte da preparação no Centro Olímpico e Paralímpico. Na reta final, suas manhãs foram dedicadas aos treinamentos de tiro específico, pista e natação, sempre acompanhado pelo técnico Denis Gigante e seu auxiliar Heeyhashy da Silva, integrante da equipe pedagógica da FAC. “O trabalho começou há dois anos. A expectativa para o Parapan é que ele corra os 100m num tempo abaixo de 15 segundos”, explicou Gigante.
 
Parré já está de olho no Mundial do Comitê Paralímpico Internacional, que acontece em outubro. De acordo com Denis, o atleta pode chegar à competição com um tempo ainda melhor do que no Parapan, o que garantirá a vaga para as Paralímpiadas Rio 2016. “A ansiedade começa a bater, quando chega perto da competição e a gente se imagina perto dos adversários, mas faz parte. Estou focado no que tenho que fazer lá. Vou dar o melhor de mim, a minha melhor marca”, destacou o Parré.
 
Talento do goalball
luna do Centro Olímpico e Paralímpico de São Sebastião, Jéssica Vitorino, 21, integra a seleção feminina de goalball que vai representar o país no Parapan. A atleta nasceu com catarata congênita hereditária. Passou por uma cirurgia corretiva aos 10 meses, mas as sequelas a deixaram com 20% da visão. Apresentada ao esporte aos 16 anos, no Cetefe (Centro de Treinamento em Educação Física Especial), ela tem se dedicado goalball e conquistado espaço na modalidade.  “Sempre tive sonho de representar o país em algum esporte, mas nunca pensei pelo goalball nem imaginava que seria tão rápido esse resultado”.
 
Estreante em competições internacionais, a paratleta mora no Paranoá e começou a treinar no COP em maio desse ano, para intensificar a preparação para as competições. “Está sendo importante para o meu rendimento. Tive bons resultados desde que comecei a treinar no Centro. Me destaquei no Regional, fui bem melhor”, conta a Jéssica, que equilibra a rotina diária de treinos e o quinto semestre da faculdade pedagogia.
 
Desde 2013, Jéssica é acompanhada por Gabriel Goulart, professor de pessoas com deficiência do Centro, responsável por sua preparação física e técnica. “Acompanho Jéssica durante toda a semana, no COP e no Cetefe. Pela dedicação dela, acabou chegando à convocação para o Parapan”, destacou Gabriel. Ele também é técnico voluntário da equipe União dos Atletas Cegos do Distrito Federal (Uniace), que representa o DF em competições regionais. A expectativa do treinador é que a atleta volte para a casa com a medalha de ouro. “A seleção está bem treinada”, avaliou o professor.
 
Goalball
O goalball foi criado exclusivamente para cegos, depois da Segunda Guerra Mundial, se destacou no cenário paralímpico e chegou ao Brasil há cerca de cinco anos. “Mesmo sendo um esporte não muito conhecido, tento apresentar para as pessoas. Para mim, é muita emoção representá-lo. Com fé em Deus, ano que vem estarei na seleção para participar das Paralimpíadas 2016, no Rio”, completa a atleta.
 
Brasil no Parapan-americano

O Brasil tem a maior delegação da história dos Jogos Parapan-americanos. Serão 272 paratletas, de 16 estados e do Distrito Federal. Quase metade deles são do atletismo, natação e do tênis de mesa. Nas duas últimas edições do Parapan, a delegação brasileira encerrou as competições na liderança do quadro de medalhas. O objetivo é manter esse resultado, que vale vaga para 2016, no Rio.