EMPREENDEDORISMO

Fuckup Nights Brasília traz lições que vêm do fracasso

Para movimentar a cultura do empreendedorismo no DF, evento inova ao compartilhar aprendizados vindos de histórias de insucesso nos negócios


Camila de Magalhães -

Publicação: 09/12/2016 10:51 | Atualização: 09/12/2016 18:35

 (Foto: Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)


Quem vive o mundo dos negócios, normalmente, procura casos de sucesso para se inspirar. No entanto, as falhas podem ser muito enriquecedoras porque servem de aprendizado e levam à superação. De olho no potencial empreendedor de Brasília, uma nova empresa trouxe à capital federal uma oportunidade inovadora de se compartilhar experiências para o crescimento, que leva um nome nada conservador, o Fuckup Nights (FUN) Brasília. A ideia vem de um movimento global iniciado no México em 2012 e presente em mais de 80 cidades de 30 países, que consiste em encontros descontraídos para dividir publicamente histórias de fracasso nos negócios.

 

A quinta edição do FUN foi realizada pela Impact Hub na noite da última quarta-feira (7/12) no Espaço Chatô, com apoio da Fundação Assis Chateaubriand (FAC). E reuniu empreendedores de coração, empresários, ex-empresários, estudantes e simpatizantes da área para ouvir as histórias de três personalidades locais. “É difícil encontrar um ambiente agradável para as pessoas falarem de falhas. Todo lugar que você vai não pode errar. A gente quer ressignificar o erro para as pessoas entenderem que, quando você é um empreendedor, não vai acertar toda hora. Vai passar por várias etapas e errar é normal”, explica Deise Nicoletto, líder da iniciativa Impact Hub Brasília.

 

O primeiro a falar no evento foi o consultor na área de expansão comercial Luciano Maia, que já foi dono de várias empresas. O grande fracasso dele foi numa agência de intercâmbio cultural, que perdeu muitos clientes após os ataques às Torres Gêmeas em Nova Iorque, em 2011. “Eu deveria ter procurado conselhos, ouvido mais gente e ter tomado decisões que me favorecessem. Foi uma dívida milionária que assumi e demorei anos para pagar”, lembra. Os maiores aprendizados, para ele, são a importância de ouvir, cortar despesas em momentos de crise e nunca desistir. “Você não pode desistir da vida, dos sonhos e dos projetos, vá até o fim. Você tem que ter na sua frente um horizonte utópico”, observa o consultor.

 

Com 20 anos de experiência no mercado publicitário de São Paulo e Brasília, a diretora presidente da Agência Digital Group, Adriana Moya, falou sobre uma campanha de prevenção à Aids que gerou grande repercussão na mídia por usar perfis fakes em redes sociais. A estratégia funcionou, mas acabou virando uma crise. “São tantos erros e acertos na nossa vida profissional, que trouxeram muito resultado na minha vida e fizeram com que eu seja o que sou hoje”, destaca.

 

Quem também expôs o fracasso com uma casa noturna foi o secretário adjunto do Trabalho no DF, Thiago Jarjour, que vem de família de empresários. Ele apresentou sua primeira experiência empreendedora, aos 21 anos: “Achei que estava pronto e fracassei. Pensei que ficaria milionário e tivemos muito prejuízo. Foi ali que comecei a ser empreendedor, a partir do meu primeiro fracasso. Meus maiores aprendizados foram ouvir muito os mais experientes e saber que se arriscar é importante e errar não é o fim, é só mais um passo para seguir adiante. É só mais um tijolo da construção da sua vida.”

 

Para Mariana Borges, superintendente executiva da Fundação Assis Chateaubriand, iniciativas como essa do FUN são importantes para movimentar e aquecer a cultura empreendedora que vem crescendo na cidade. “O perfil empreendedor é aquele que entra assumindo riscos, sabendo que não vai ser fácil, mas não desiste e tem coragem de compartilhar isso na esperança de que talvez outros não passem pelo que ele passou”, avalia.

 

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